ATA DA QUINTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEXTA
SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 23.01.1990.
Aos vinte e três dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quinta Sessão Extraordinária da Sexta Sessão Legislativa Extraordinária da Décima Legislatura. Às dez horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Artur Zanella, Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Após, foi rejeitado Requerimento verbal do Ver. Adroaldo Correa, solicitando alterações na ordem de votação dos projetos em discussão. A seguir, foi apregoado Ofício do Ver. Heriberto Back, informando seu impedimento de manter-se na Vereança em substituição ao Ver. Flávio Koutzii. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Antonio Losada e, informando que S.Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Finanças e Orçamento. Em Discussão Geral e Votação Secreta esteve o Veto Total aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 25/89 que, após ter sido discutido pelos Vereadores Wilson Santos, Isaac Ainhorn, Leão de Medeiros, Vieira da Cunha, João Dib, Nelson Castan, José Alvarenga, José Valdir e Elói Guimarães, deixou de ser votado em face da inexistência de “quorum”. Às doze horas e quarenta minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária desta tarde, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O
SR. ADROALDO CORRÊA: Para um
Requerimento, Sr. Presidente. Requeiro alteração na ordem de votação dos
Projetos em discussão.
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) REJEITADO.
A Mesa
informa que recebeu um ofício do Ver. Heriberto Back, comunicando seu
impedimento de manter-se na Vereança em substituição ao Ver. Flávio Koutzii.
Solicito
aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Antonio Losada,
Suplente pelo PT, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Flávio
Koutzii, que se encontra licenciado.
(O
Sr. Antonio Losada dá entrada no Plenário.)
O SR.
PRESIDENTE: Convido o Sr. Antonio
Losada a tomar assento em sua Bancada e informo ao Plenário que já tendo S. Exª
prestado compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo
nesta oportunidade, nos termos do § 2º, do art. 5º, do Regimento Interno.
Declaro
empossado o Sr. Antonio Losada e informo que S. Exª deverá integrar a Comissão
de Finanças e Orçamento.
Havendo “quorum”, passamos à
PROC. N° 2769/89 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N° 025/89, de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que dá nova redação ao inciso II do art. 121 da Lei Complementar n° 133, de 31.12.1985, alterada pela Lei Complementar n° 186, de 12.12.1988. (Reajuste mensal - servidores municipais.)
Parecer:
- da Comissão Especial. Relatora Verª Letícia Arruda: pela rejeição do Veto Total.
O
SR. PRESIDENTE: Em discussão. Para
discutir, tem a palavra o Ver. Wilson Santos.
O
SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, a crise econômica em que vive o País, tem um verdadeiro
mostro, que todos nós conhecemos e denominamos de inflação. O Governo perdeu
totalmente o controle, e nós vivemos um verdadeiro caos, um verdadeiro
salve-se-quem-puder. Agora, nesse clima confuso existe a necessidade de que um
valor maior sobressaia-se, e esse valor maior é a visão social desses reflexos
danosos. Não pode no presente momento o Parlamento da Capital do Estado do Rio
Grande do Sul, a Câmara Municipal, deixar de reconhecer a seriedade, a gravidade
do quadro em que vivemos e não se pode a pretexto de um mando constitucional
fazer o ajuste da Carta Maior do País, qual seja, a Constituição Federal, de
forma abrupta, porque entendo que o Congresso ao fazer a Constituição Federal
desagradou alguns em determinados tópicos, em outros ela foi sábia e foi sábia
a Constituição e o Congresso quando estabeleceu um limite de gastos limitados a
65% da receita para os gastos de pessoal, mas ela foi muito mais sábia, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores quando estabeleceu um prazo de cinco anos para ser
adequada. Não determinou a aplicação imediata, porque se sabia da sua
complexidade.
Ora,
é evidente que quando esgotarem os cinco anos devamos - aqueles que têm
responsabilidades - estar ajustados ao limite de gasto de 65%. Mas eu chamo
atenção, para que venha se esgotar o prazo constitucional nós temos mais de
três anos e meio, de forma que não será de forma violenta e abrupta que nós
vamos adequar o limite de 65% de gastos com o pessoal da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre impondo uma crueldade e uma selvageria sobre as famílias dos
funcionários municipais de Porto Alegre.
Ora,
eu não duvido que seja verdade que a Prefeitura tenha dificuldades. Eu vim a
esta tribuna e fiz de forma transparente a suspeita que eu tinha naquele
momento. Alguma coisa estava errada quando, no dia 20 de dezembro a Prefeitura
não pagou a gratificação natalina, ou seja, o 13º aos seus funcionários. A lei
mandava que dia 20 de dezembro se pagasse o 13º. Alegou a Prefeitura não ter
recursos.
Ora,
como não tinha dia 20 e como teve dia 22, dois dias depois, sem recorrer à rede
bancária ou a financiamentos? Então, me dei o direito de vir aqui protestar,
dizendo que quem não tinha no dia 20, como teria dia 22? Então, deveria ter dia
20. Mas, virada esta página, não tenho nenhum motivo para duvidar da seriedade
e decência do Governo Municipal. Agora, a nossa divergência está no campo
legal, no campo político e no campo social. Legal, porque existe uma lei; essa
lei estabelece que se deva medir a inflação através do IPC de dois meses
anteriores para depois se pagar. É injusto? É. Mas, é uma lei e a lei pode ser
injusta, porque mediu-se a inflação de novembro e de dezembro para pagar em
janeiro. Assim, o poder de compra dessas famílias está corroído, está
apodrecido, está desvalorizado. Logo, nada mais justo do que se pagar
mensalmente.
Essa
é a questão que estamos discutindo. Mas, voltando à outra, não poderemos, em
outra matéria, abrir mão do percentual de 117,15%, devido à classe municipária,
para janeiro. Sabemos que pode o Executivo Municipal ter as dificuldades, mas,
se tiver as dificuldades, eu sou da opinião que recorra a rede bancária. Não é
crime se apertar e recorrer a rede bancária. Se a pessoa física pode fazer
isto, com muito mais razão o Governo. Tem dificuldades, recorre à rede
bancária, mas paga até 31.01 os seus funcionários com 117,15%. Existe
flexibilidade na receita, foi votado o pacote tributário, se não vai entrar em
janeiro, mas vai entrar em fevereiro e março, paga o ônus do empréstimo com a
flexibilidade. Agora não se pode adequar as dificuldades em cima do arrocho
salarial e da injustiça perpetrada contra os funcionários. De forma, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que nós somos pelo pagamento imediato dos
117,15%, nós somos pelo pagamento mensal a partir desse bimestre, e somos pelo
adiantamento, ou seja, o pagamento quinzenal, uma parte dia 15, e outra parte
no fim do mês. Não se está fazendo nada mais do que uma injustiça legal. Não
vou dizer nem justiça porque isto é injusto. Menos que isto seria dupla
injustiça, porque pagar 117 já é injusto mas é legal, então vamos cumprir a Lei
mesmo com a injustiça, depois vamos passar para o pagamento da correção mensal
e adiantamentos quinzenais. Isto vai corrigir um pouco dessa injustiça hoje da
bimestralidade. Porque bimestralidade é injusto mas é legal. Vamos cumprir a
Lei. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Próximo
inscrito é o Ver. Isaac Ainhorn.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Srs. funcionários municipais que comparecem a este Plenário.
Em exame, nesta manhã, o Veto Total do Sr. Prefeito Municipal, Olívio Dutra, ao
Projeto de Lei Complementar do Legislativo, de autoria do Ver. Leão de
Medeiros, que estabelece o reajuste mensal dos servidores municipais.
Igualmente, o Veto ao Projeto de Lei do Ver. Mano José, que estabelece
critérios de antecipação de retribuição pecuniária aos servidores municipais.
Aliás, desse segundo Projeto, tivemos oportunidade de ser relator e, no
relatório, definimos a nossa posição tanto no aspecto jurídico como no aspecto
econômico, sobre o que representa essa proposta que tramita no dia de hoje.
Especificamente sobre o Projeto de Lei do Ver. Leão de Medeiros, que foi vetado
pelo Sr. Prefeito Municipal nos causa estranheza porque o ofício data de 12 do
corrente, oportunidade em que esta Casa já havia votado a reforma tributária
tão aspirada, tão lutada pelo Executivo Municipal e também no Diário Oficial já
tinha sido publicado um verdadeiro caderno, um conjunto de leis consistentes, o
chamado pacote tributário, e aqui nesta Casa nós assistimos todo o raciocínio
desenvolvido pela Bancada petista, notadamente pelo seu Líder, que lutava pela
beteenização dos impostos municipais. E dizia, exatamente, que a justa
reivindicação dos municipários e recebimento do reajuste municipal só poderia
ser atendida caso viesse esta Câmara Municipal a aprovar a beteenização dos
tributos municipais. Evidentemente que a responsabilidade desta Casa é com o
conjunto da Cidade, com seu corpo de funcionários municipais e, exatamente,
pensando neste complexo, neste todo, sensíveis exatamente a esse apelo, nós não
tivemos dúvidas em aprovar grande parte das propostas que o governo petista
trazia para esta Casa. Mas, exatamente, o que nos causa estranheza é que após
ter conseguido as suas pretensões em termos de reforma tributária, após ter
obtido aquilo que pretendiam, vem a esta Casa um ofício vetando o Projeto de
Lei do Ver. Leão de Medeiros que estabelece a antecipação e vejam V. Exas que
os funcionários que aqui comparecem a esta Casa exatamente a incoerência do
nosso entendimento deste Veto. Este Veto representa a incoerência em relação ao
discurso dos petistas nos palanques eleitorais e no seu programa partidário, e,
até, não só em termos de programa, em termos de administração da Cidade. Então,
hoje comparecemos aqui, exatamente assim como fizemos nas duas vezes anteriores
em que votamos favoravelmente a ambos os Projetos, hoje comparecemos aqui para
votar no sentido de rejeitar os Vetos apostos pelo Sr. Prefeito Municipal. Não
é admissível de maneira alguma que numa época como esta que estamos vivendo, o
reajuste ser bimestral e o pagamento ser mensal. Hoje a Central Única dos
Trabalhadores preconiza com total e justa razão o quê? O pagamento semanal e de
outro lado a pretensão, mesmo que o pagamento mensal represente, inegavelmente,
já, o recebimento com uma perda substancial do poder aquisitivo. Tanto isso é
verdade, é o óbvio, é fazer considerações praticamente em cima do óbvio dizer
que quando o trabalhador recebe no fim do mês o seu salário, ele já recebe
corroído em cerca de 55, 60% em termos da inflação oficial e declarada, quando
sabemos que a inflação real em termos de gêneros alimentícios, em termos de gêneros
de primeira necessidade é inegavelmente a inflação superior aos índices que são
oficialmente declarados.
O
Sr. José Valdir: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac, ouço atentamente o seu
pronunciamento e tenho a impressão que há um pequeno equívoco porque dá a
entender, no seu raciocínio que a Reforma Tributária aprovada aqui, os impostos
novos e as taxas, elas são automáticas, quer dizer, o resultado disso em termos
financeiros, em termos de entrar para os cofres da Prefeitura é automático,
quer dizer, foi aprovado aqui num dia, no outro dia a Prefeitura já dispõe
desses recursos e me parece que não é assim, existe um tempo até que a
conseqüência daquilo que se aprovou aqui se faça sentir em termos de recursos
reais e efetivos para os cofres da Prefeitura.
O
SR. ISAAC AINHORN: Eu acho que V.
Exª está apenas um pouco mal informado, porque, com relação àquelas receitas
que são repassadas em função de uma nova legislação, o que, aliás, a imprensa
publicou, dizendo que agora as coisas vão melhorar, porque haverá o repasse de
48 em 48 horas, praticamente na hora o crédito é feito, o Município está
recebendo, o fundo dos Municípios já está recebendo a sua parte. E nós sabemos
que grande parte da população vai pagar o IPTU tentando ter um ganho real com a
dedução de 20%. Isto vai trazer recursos para a Prefeitura. E V. Exª sabe que
hoje a Prefeitura tem recursos para pagar os 117%. Então, Vereador, a sua tese
de que tem que aguardar um pouco mais para chegar o dinheiro não vinga, na medida
em que os recursos já estão aí, estão chegando. E isto é ótimo, porque a Cidade
pode ter, em primeiro lugar, um funcionalismo valorizado e, em segundo lugar, o
PT, finalmente com todo o Orçamento aprovado, com o Pacote Tributário, tem que
começar a trabalhar, para dizer efetivamente a que veio, porque, até agora, não
realizou uma obra, o que está fazendo é convênio com o Governo do Estado, é
inauguração das obras da Administração anterior. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra o
Ver. Leão de Medeiros.
O
SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o Executivo acaba de vetar Projeto de Lei aprovado
nesta Câmara, que autorizava a adotar o reajuste mensal de vencimentos dos
funcionários municipais. É mais um golpe que a Administração dita “popular”
aplica nos servidores, depois dos atrasos de reajuste de pagamento de 1989 e
justamente no momento em que recebe da Câmara a aprovação de sua reforma
fiscal, feita exatamente, segundo o Executivo, para adequar a receita à
despesa, e viabilizar o pagamento dos funcionários e um plano de obras
públicas. Eu retorno a esta tribuna para relembrar alguns fatos: ontem, foi
afirmado aqui que o PDS, através de seus Vereadores, buscava contemplar os
funcionários municipais com aumentos e reajustes mensais sob a acusação de que
não o fizeram no seu tempo. Não procede a acusação de quem assim se manifestou,
porque a minha intenção, ao apresentar esse projeto de reajuste mensal dos
servidores municipais, levou em consideração a minha condição pessoal de
servidor público estadual, da categoria dos policiais civis, e que sentem, como
os municipários, a intranqüilidade do final de cada mês, da escassez dos seus
salários, e, principalmente, da insensibilidade dos nossos governantes. Procuraram
iludir este Plenário, equivocando os nobres senhores Vereadores, o que,
certamente, não vão conseguir. É desconhecer, Srs. Vereadores, que o reajuste
que está sendo proposto, é em cima de reajustes mensais já transcorridos. O
Executivo Municipal, sequer quer pagar aquilo que é lei, que é o reajuste
bimestral, referente aos meses de novembro e dezembro, 117%, esquecendo que já
no mês de janeiro a perda no salário do servidor municipal, como de resto do
estadual, é de quase 2% ao dia. Portanto, não é um projeto oportunista, mas
sim, visa a recuperação salarial dos nossos servidores. E essa idéia do
reajuste mensal também não é minha: é bom reavivar a memória dos meus nobres
colegas do PT, que essa proposição do reajuste mensal veio a esta Casa dentro de
um Projeto de Lei do Executivo, quando se cogitava do pagamento daquele resíduo
que ficou no ano anterior, em que o Executivo Municipal prometia o reajuste
mensal a partir de outubro do ano passado. É bom que se reavive a memória para
não dizer que essas idéias são originais. Não, a própria Prefeitura previa o
reajuste mensal a partir de outubro do ano anterior. Esta essência não foi
tragada pelo tempo. Ela está viva neste Projeto. Portanto, seria uma
incoerência política da Prefeitura Municipal não aceitar agora este reajuste
mensal em que a Casa até foi tolerante no meu Projeto, na medida em que adiou a
sua vigência a partir de janeiro de 1990, exatamente na data em que entra em
vigor aquela reforma tributária que a Prefeitura achava indispensável para viabilizar
a Administração dita “popular”. E a Casa foi sensível àquela reforma tributária
e é bom relembrar o que a Administração Municipal ganhou nesta reforma
tributária com a complacência e a compreensão desta Casa. É bom lembrar que a
Casa deu a contribuição de melhoria, por anos e anos tentado e jamais passado
pelas votações desta Casa. Foi dado o IPTU progressivo, foi dado um aumento na
taxa do ISSQN, foi dada a taxa de coleta de lixo, foi dada a taxa de iluminação
pública, foi dada a taxa de esgoto pluvial, foi dada a taxa de anúncio e, além
do mais, a própria Constituição Federal determinou que a partir do ano anterior
a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e as demais Prefeituras ganhassem 50% em
cima do ITBI, aumentando a alíquota de 2 para 3% votado nesta Casa. Ganhou
também o imposto dos combustíveis. Afinal, o que mais querem para viabilizar a
Administração que se diz “popular”? Esqueceram o mais importante que entrou num
grande processo subliminar de negociação, a BTN fiscal, que todas estas taxas,
impostos e tributos, etc, são corrigidos mensalmente, ou seja, o patrão de
todos nós municipários recebe o seu reajuste mensal e como mau patrão não quer
dar o reajuste mensal aos seus empregados que são servidores municipais. E onde
está então a conversa do Partido dos Trabalhadores? Onde está o seu programa?
Foi rasgado? E é o PDS que é demagógico. Então a conversa de palanque era uma e
a conversa da realidade é outra?
Senhores,
é bom reavivar esses dados. O Projeto não é original, partiu da própria Administração
do Prefeito Olívio Dutra, quando queria este reajuste mensal a partir de
outubro e agora procura obstaculizar quando receberam regiamente uma reforma
tributária. O que vão alegar, e isso já a gente pode pensar, em abril, para o
tal reajuste mensal proposto? E aí está a insídia e a ignomínia levantada ontem
desta tribuna pelo Ver. Vieira da Cunha. O Projeto do reajuste mensal tira a
grande conquista, o grande direito dos servidores municipais, que é a sua
vinculação com o aumento do índice de inflação: vai ficar ao arbítrio da PMPA,
se passar aquele projeto; pois, se a inflação for 50%, como tem sido, ele pode
propor 5 ou 10%, porque é desvinculado do índice de inflação. Esta é a vitória,
é esta a conquista que a Prefeitura quer manter aos servidores? É um embuste, e
nós todos fomos vítimas desse estelionato! A Prefeitura recebe, a partir de
janeiro, reajuste mensal de suas taxas e tarifas. No entanto, descumpre a sua
obrigação mais elementar, que é a de tratar bem os seus empregados, dando também
o mesmo reajuste; reajuste - e não aumento. Por isso, não se fale em
inconstitucionalidade dessa lei, porque não é aumento de despesa pública, mas
apenas uma reposição salarial. Esse é mais um argumento que derruba a pretensão
do veto. Não se fale, também, das dificuldades financeiras agora apontadas.
Quando do reajuste mensal da reforma tributária de dezembro, já sabia a
Administração Popular, que tramitava nesta Casa o Projeto de Lei do reajuste
mensal. Portanto, alegar agora que ela foi aprovada depois de aprovado por esta
Câmara - inviabilidade - não me parece ser, no mínimo, verdadeiro, dado que o
Projeto já estava em andamento desde outubro na Casa, no anterior ano.
Aproveito o
próprio axioma usado pela Administração dita “popular” para sua reforma tributária:
“quem tem mais paga mais”. É a lei do Robin Hood. Hoje o Robin Hood com a
reforma tributária dada pela Casa, especialmente a beteenização dos tributos, é
a Prefeitura Municipal. Ela que é a rica, ela é quem tem os recursos e a ela
cabe cumprir o seu próprio axioma: quem tem mais - Prefeitura - deve pagar mais
- nem mais, mas o justo para os servidores municipais, que é o reajuste mensal,
aliás, muito aquém daquilo que pretende o braço sindical do PT - a CUT - que
bate à porta das entidades dos empresários pedindo que eles paguem aos seus
trabalhadores reajustes semanais. E aonde está a coerência? Aonde está a
coerência política? Mas nesta Casa certamente, que é a Casa de todo o povo de
Porto Alegre, há de haver coerência política. E relembro que na votação do dia
13 de dezembro quando votamos soberanamente este Projeto de Lei porque
entenderam os senhores Vereadores que era uma reivindicação justa da classe dos
municipários houve, Sr. Presidente, coerência política. Apenas seis Vereadores
do Partido dos Trabalhadores votaram contra esse Projeto. Exijo em nome da
coerência política que não mais que seis votem hoje pela manutenção do Veto.
Portanto, dentro do mesmo raciocínio, peço que esse Veto seja rejeitado. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Próximo orador
inscrito é o Ver. Vieira da Cunha.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, os funcionários públicos mais uma vez nos honram
com sua assistência. Fala-se muito nessa discussão na Constituição Federal, e
nunca é demais ler o que diz o texto Constitucional sobre essa questão dos
vencimentos do funcionalismo. “Art 169: A despesa com pessoal ativo e inativo
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não poderá exceder
os limites estabelecidos em Lei Complementar”. O Art. da Constituição diz,
portanto, que a despesa não poderá exceder limites estabelecidos em Lei
Complementar. Essa Lei Complementar não existe ainda. Então, lá nas Disposições
Transitórias, os constituintes colocaram o art. 38 que diz: “Estabelece
provisoriamente o limite de 65% enquanto não vier a Lei Complementar”. E no
Parágrafo Único diz que nos Municípios em que esse limite seja excedido, deverá
retornar aos 65%, reduzindo o percentual excedente à razão de 1/5 por ano.
Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não poderia mesmo, o Executivo, ter
obtido a liminar pretendida quando estavam, ainda, em curso as negociações com
o Sindicato dos Municipários. Como bem diz o boletim do Sindicato, não agiu o
Executivo de outra forma, senão traiçoeiramente para com os municipários
porque, enquanto se diziam abertos à negociação, recorreram ao Poder Judiciário
e, felizmente, agiu o tribunal de acordo com o que diz a Constituição, e não
poderia mesmo, ter concedido a liminar pretendida pelo Executivo. Estamos
diante de um Veto a um Projeto de Lei que estabelece reajuste mensal, de acordo
com os índices de inflação, aos vencimentos do funcionalismo. Quero lembrar que
este Projeto de Lei foi aprovado, aqui, na primeira quinzena de dezembro, e
que, logo a seguir, na segunda quinzena de dezembro votamos o chamado pacote
tributário. Concedemos ao Executivo, conforme já foi bem anotado pelos
Vereadores que me antecederam na tribuna, uma série de mecanismos que são
inéditos na Administração Pública Municipal de Porto Alegre. Vou lembrar a
beteenização do IPTU. Recordo-me que quando éramos governo, há pouco tempo, o
IPTU, passado o primeiro trimestre do ano, era um imposto que não representava
absolutamente nada em termos de arrecadação, era um imposto, poder-se-ia dizer,
figurativo. Agora, através de um projeto aprovado por esta Casa, fica garantida
a correção mensal do IPTU de acordo com os índices de inflação medidos pela
BTN. Lembro, também, os novos impostos que a Administração Collares não contou
e que o Prefeito Olívio Dutra conta desde o início do seu mandato: o IVVC, cada
um de nós que abastece o seu carro está contribuindo com 3% do que paga para o
Município de Porto Alegre; o ITBI, Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, essa
soma recursos que a Administração do PT conta e que a Administração Collares
não contou; novas taxas, taxa de iluminação pública, taxa de esgoto pluvial,
uma aumento real da taxa de coleta do lixo que vai viabilizar com autonomia
financeira. Vejam os Senhores Vereadores que temos autoridade para cobrar do
Executivo que dê o aumento mensal aos seus servidores, depois da aprovação
desse projeto. É falso o dilema Cidade/Interesses da Cidade x Interesses da
Cidade. Este discurso não pode subsistir, aliás, estampado hoje na página três
do jornal Zero Hora, porque esta Câmara deu todos os instrumentos necessários
para que o Executivo cumpra a lei e administre bem a Cidade, se tiver
competência. Não há que se colocar esta questão.
O
Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, apenas para lembrar que o Ver. Leão
de Medeiros esqueceu que também foi aprovada uma taxa de incêndio.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: Exatamente,
mais uma taxa. Vejam que estamos diante de uma situação muito mais tranqüila,
estamos com a consciência tranqüila em relação ao voto que daremos, derrubando
este Veto. Eu quero lembrar que estamos falando não em aumento salarial, nós
estamos lutando, primeiro, para que os funcionários tenham, ao final de
janeiro, uma inflação ocorrida em novembro e dezembro de 117%. É mais um
salário e um pouco mais que os servidores estão perdendo e nós estamos em 22 de
janeiro, discutindo se eles devem receber uma inflação do último bimestre de
1989, ou seja, 90 dias depois, três meses depois, quando os trabalhadores se
organizam, se unem pelo recebimento semanal de salário, uma conquista de várias
categorias mais organizadas e estão aqui os funcionários para cumprir uma lei,
para receber uma correção de 90 dias atrás. É uma vergonha! É uma vergonha ainda
maior quando se tem aqui, nesta Casa, dois Projetos, um deles dividindo a
categoria. Ainda me lembro do panfleto do PT: “Collares jogou na divisão da
categoria dos municipários”. Pois agora, divide a categoria por dois lados:
pelo primeiro com reajuste diferenciado, alguns de acordo com a inflação,
outros 90%, outros 75% e dando ao DMAE, Ver. Gregol, ao DMAE, a inflação total.
Ora, se isso não é dividir a categoria, se isso não é provocar a divisão da
categoria, não sei que exemplo poderíamos dar melhor do que este. É uma
discriminação inaceitável. Queria só dizer que é preciso, finalmente - é a
última observação que faço - que o Sr. Vice-Prefeito, Prefeito em exercício,
Tarso Genro tem que dizer aos órgãos de comunicação, a imprensa, exatamente o
que ele faz ou pelo menos o que ele assina. Ele está indo para a imprensa
dizendo que está garantindo aos funcionários uma reivindicação histórica que é
o pagamento mensal, ou melhor, o reajuste mensal de salário e convido os Srs.
funcionários a ler este atendimento, entre aspas, à reivindicação histórica do
funcionalismo municipal. É uma armadilha, é uma arapuca. Diz a Lei atual que os
Senhores teriam direito a bimestralidade de acordo com o índice da inflação;
propõe o Executivo que os Senhores tenham os seus vencimentos revisados
mensalmente. Ponto. Só garante a revisão mensal dos salários, não diz em que
índice, com base no quê. Isso é atender a reivindicação do funcionalismo?
Absolutamente. Sr. Presidente, vou finalizar dizendo que, nesta negociação,
nestes termos, não conte o Executivo conosco. É inaceitável uma negociação
nestes termos, com reposição diferenciada, com uma mensalidade que não diz com
base em quê. Estes projetos que estão aqui se traduzem num confisco salarial
inaceitável e nós do PDT, certamente não vamos colocar o nosso aval num
procedimento desta natureza. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra o
Ver. João Dib.
O
SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na reunião com S. Exª, o Vice-Prefeito Tarso Genro, da
intransigência da Bancada do PDS, em relação aos projetos aí apresentados.
Somos contrários ao reajuste escalonado, somos contrários à forma apresentada
de reajuste, ou reposição salarial mensal, que nós vamos lutar pela derrubada
dos vetos aos projetos do Ver. Leão de Medeiros e do Ver. Mano José. Mas eu não
consigo entender a Administração Popular e também disse para o Prefeito que
estava sendo tentado um saque aos salários dos servidores, para que não haja
diferença entre aquilo que eu falo desta tribuna e aquilo que eu falo na
presença de S. Exª, o Sr Prefeito. Mas eu gosto de números e sei que há gente
que fica brava quando eu digo que árabe gosta de números e faz conta de cabeça,
mas, em junho do ano passado, vim a esta tribuna com esta folhinha aqui, e
disse que o orçamento de ficção da Prefeitura, que o Secretário da Fazenda
dizia, que o Prefeito Olívio Dutra dizia, era verdade, de ficção. Porque,
naquele orçamento, de ficção, estava previsto um acréscimo de 400% no ICM. Em
junho, o acréscimo era de 1.333%, é um pequeno detalhe, porque mostrei todos os
outros que estavam sendo arrecadados, muito mais do que o previsto. Para ter
uma idéia, aqueles 1.333% a mais do ICM, ao fim do ano eram 1.939%. Agora,
fazem um orçamento, mandam para esta Casa, é discutido durante dois meses e
aprovado, e aqui vem o Prefeito querendo ficar em 85% de gasto com o
funcionalismo, o Secretário da Fazenda dizendo que não tem dinheiro, então, não
sei mais fazer conta, o árabe já se perdeu. Porque, aqui, para um orçamento de 4
bilhões, 860 milhões de cruzados, nós temos uma previsão de gasto com pessoal
de 2 bilhões, 974 milhões, o que representa 61% do orçamento previsto para este
ano. Não sei por que estão falando que não têm dinheiro, não o duodécimo, se
1/13 das necessidades para o pagamento do salário do mês de janeiro, segundo o
orçamento, dariam 229 milhões de cruzados, e a folha não superará 148 milhões
de cruzados. Então, porque não pagar a reposição salarial mensal, como previu
no seu projeto inteligente o Ver. Leão de Medeiros, projeto este que teve o
apoio da Bancada do PT para que se aprovasse também o pacote tributário, porque
se dizia que o servidor ganhava pouco, e que a Prefeitura não podia pagar? Mas
eu não entendo porque que a Prefeitura não pode pagar, é uma droga esse tal de
orçamento, a gente começa a ler, começa a ver que ele realmente é de ficção.
Querem ver como é de ficção? Aqui diz que o ISSQN este ano deve aumentar 903%
em relação ao ano de 1989. É uma brincadeira, porque o ISSQN também aumenta com
a inflação que neste mês só já vai superar 50%. Mas aqui tem um que é o IVVC,
os combustíveis que o Ver. Vieira da Cunha falou nesta tribuna, que só neste
mês de janeiro aumentou para a Prefeitura 100%, com uma inflação de 50%, 55%
até 60%, já aumentou em razão do aumento do custo dos combustíveis 100%. Aquilo
que se previa - no mês de janeiro vai aumentar 30%, 40% - não, aumentou 100% em
janeiro, porque os combustíveis neste mês aumentaram quase 100%. O ICM, que no
ano passado em seu orçamento estava previsto um aumento de 400%, este ano eles
previram 932%, mas os 400% se transformaram em 1.939%. Portanto se a despesa de
pessoal aumenta mês a mês, a Prefeitura não precisa ter preocupação, porque
tudo está indexado, inclusive o IPTU, que no ano passado não estava, de forma
muito maior do que aquela que significa o IPC. Porque todos nós sabemos que o
IPC tem sido um engano, uma ilusão do povo brasileiro, porque nós não vamos ao
supermercado no dia 1º com 100 cruzados e no dia 31 compramos as mesmas coisas
do dia 1º com 150 cruzados se a inflação foi 50%. Nós vamos precisar mais de
200 cruzados e estes mais de 200 cruzados pagam o ICM, a Prefeitura arrecada
mais e os servidores ganham menos. Então não tem por que não rejeitar por
unanimidade o Veto do Sr. Prefeito Municipal, porque os números dizem que a
Prefeitura pode pagar, assim como não aceito que a arrecadação do mês de
janeiro seja só de 180 milhões de cruzados. O IPVA creditado diretamente à
Prefeitura no momento do pagamento no banco; o ICMS pago à Prefeitura
semanalmente, só isso representa 25% mais do que se recebesse, como antes, uma
vez por mês. Porque é claro, o Prefeito vai receber, através da Secretaria da
Fazenda, vai colocar no sistema financeiro e ganhar 2% ao dia e, como todas as
terças-feiras, a Prefeitura vai receber. Ontem mandei uma cópia da Lei
Complementar n° 63 para a Prefeitura - ponha o Secretário da Fazenda, que está
de férias, ponha o seu substituto lá em cima do Sr. Secretário da Fazenda,
dizendo que quer o dinheiro todas as terças-feiras, porque é o dinheiro da
Prefeitura e isso é Lei. É melhor que ficar chorando a falta de dinheiro. Vamos
trabalhar e trabalhar com competência e com seriedade; não estão fazendo isso.
Tanto não estão fazendo isso que não sabem discutir os números dos orçamentos
da Centralizada e das Autarquias que encaminharam a esta Casa. Não têm eles a
menor idéia do que está escrito nos Orçamentos: 61% é o que está previsto como
gasto com funcionalismo. Vão me dizer duzentos e vinte e nove milhões, este
mês, já não serão mais no próximo mês. É claro, assim como no ano passado se
previu o aumento do ICMS de 400%, mas foi 1.939%, este ano vai acontecer igual,
porque todos anos na história da Prefeitura acontece a mesma coisa: o Orçamento
feito no dia 30.09, tem que ter um valor. Mas, por um período inflacionário,
como o que estamos vivendo, ele se multiplicou e multiplicou sempre. No ano
passado, no início do ano, eu disse aqui: “no mínimo, será o triplo”. E
realmente, os cento e vinte e seis milhões transformaram-se em mais trezentos e
setenta e oito milhões de cruzados. Então, não há porque temer. E este
Orçamento é três mil e oitocentos por cento mais do que o do ano passado,
3.800% mais do que o Orçamento do ano passado. Não tem porque temer a forma de
buscar os recursos para pagar o funcionalismo numa reposição salarial mensal.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Próximo orador
inscrito, Ver. Nelson Castan.
O
SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, os Parlamentares desta Casa se sucedem aqui na tribuna, e
muitas vezes os argumentos são repetidos mas principalmente para os
municipários que estão aqui lutando pelos seus direitos, é importante entender
que se trata de um processo em que cada Vereador venha a esta tribuna, diz o
que acha mais relevante e assume compromisso. Então, às vezes é um processo
demorado há de se ter paciência, mas é dessa forma que vão se consolidando as
posições, que vão se consolidando os compromissos com os diferentes assuntos,
com as diferentes questões e, neste processo, muitas posições que ainda estejam
em dúvidas, muitos companheiros Vereadores que ainda estejam vacilando quanto à
correção de um determinado aspecto ou outro, é nesse processo que se vai
fortificando uma determinada posição e o objetivo final possivelmente seja
alcançado. Eu quero deixar de plano a minha posição que eu já externei em
reunião de Bancada de que em cima da reposição, em cima do percentual e em cima
do prazo de pagamento, este Vereador não transige um milímetro sequer. Nós entendemos
que este percentual de 117 e poucos por cento e o pagamento dentro do mês, é
algo que nenhum Vereador desta Casa pode transigir, inclusive os Vereadores da
Bancada Situacionista. Nós entendemos que é uma questão de princípio, é uma
questão de conhecimento mínimo da situação econômica hoje vivida neste País. O
salário que é pago com 90 dias de atraso e que nós haveremos de derrubar o Veto
para reduzi-lo a 60 dias, que na verdade é isto que acontece, o salário é
vigente a partir do 1º dia do mês. Só que é pago no final do mês seguinte.
Então,
estamos discutindo a reposição do mês de novembro e dezembro que será paga
agora no final de janeiro. Então, já há naturalmente, dentro desta estrutura
uma defasagem muito grande, um confisco salarial muito grande, principalmente
em função das taxas inflacionárias. O que estou dizendo aqui é o óbvio, é
cristalino. Não podemos, já em cima de uma situação adversa para o
funcionalismo, querer tirar ainda mais. Isto é impensável. Fico admirado,
surpreso, como é que o Prefeito Municipal em exercício, meu amigo Tarso Genro,
tem esta iniciativa, tem a coragem de mandar à Câmara Municipal um Projeto
desta natureza.
Então,
me parece que a Casa se encaminha tranqüilamente para a rejeição destes dois
Vetos, assim como também para a rejeição total do Projeto que discrimina
percentual de aumento conforme a faixa salarial. Dentro da Bancada do PT já vi
manifestações, também do Ver. Ferri do PSB. Não há qualquer receptividade a
estas iniciativas. Pelo contrário, a Câmara Municipal com o Projeto do Ver.
Leão de Medeiros, com o Projeto do Ver. Mano José está caminhando
tranqüilamente no sentido oposto ao que pretende o Vice-Prefeito em exercício,
Dr. Tarso Genro.
Nós sabemos
pelos próprios dados da Prefeitura que este ano, através do Pacote Fiscal
aprovado em dezembro último, que o percentual de gastos com salário com relação
à receita, irá diminuir substantivamente. Isto aí, a própria Administração
Popular já concluiu, provavelmente passará para 75%, 80%. Não há razão nenhuma,
neste momento, para fazer o confisco, porque o que não é pago agora, se é um
percentual menor ou se é um atraso no pagamento, até o dia 10, que representa
15% de confisco, o simples atraso de 10 dias. Então, nos parece que a própria
Administração está se dando conta, está ficando um pouco mais confiante na sua
situação de caixa. E se neste momento, nesta passagem do mês de janeiro para
fevereiro, ainda, aquela quantidade enorme de aumentos que foram aprovados não
frutificou, é uma questão circunstancial, é uma questão de administração de
caixa, de administração financeira que aí vemos a expectativa de competência
dos técnicos que trabalham na Secretaria Municipal da Fazenda para renegociar
com os bancos, para fazer empréstimos a taxas mais baratas, para negociar com os
bancos estatais que sempre têm disponibilidade maior de alcançar a mão, de
ajudar as administrações. Então, não podemos numa situação passageira em que a
própria Prefeitura vislumbra como tranqüila daqui a 30, 60 dias, sacrificar
ainda mais o servidor municipal. Isso é inadmissível, esta Casa aqui não deverá
aprovar essas iniciativas. Queria também repetir o que já foi dito aqui,
aprovamos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um verdadeiro “pacotaço” no mês de
dezembro, um “pacotaço fiscal” que, do que conheço da administração de Porto
Alegre, não tem registro semelhante na história. Aprovamos um aumento do
Imposto Predial e Territorial Urbano que dará em média um ganho real de
arrecadação neste ano, com relação ao que o IPTU no ano passado, de 2.000%, 2.000%
só no IPTU, o Imposto sobre Serviços também está aumentando a situação
financeira do Estado que todos sabemos que está com o caixa elevado; as
alíquotas do ISSQN também foram majoradas, a gente anda pela rua e encontra
permanentemente os representantes comerciais, esse segmento, aquele segmento:
“mas como é que vocês aprovaram o aumento de alíquota de 2 para 4%”? Isso
representa 100% de oneração em cima daqueles que contribuem, isso foi aprovado
nesta Casa. Como já foi dito aqui, aprovamos o IVVC, o ITBI aumentou 50%,
passou de 2 para 3%, significa 50% de aumento real; aprovamos taxa de
iluminação, taxa de esgoto, uma elevação substantiva na taxa do lixo, como
disse o Ver. Vieira da Cunha, que passa a viabilizar o DMLU, aprovamos
contribuição de melhoria e por aí vai, quando votávamos esse “pacotaço” em
dezembro, eu alertava para o desgaste político que representa onerar, de uma
vez só, a população de Porto Alegre. Mas, numa tentativa de viabilizar a
Administração do PT, se resolveu aprovar aquela série de projetos de lei que a
Administração Municipal enviou para esta Casa. Naquela época estava mais ou
menos óbvio, estava explícito que, a partir deste ano, a situação financeira da
Prefeitura seria melhor, como a própria Administração já reconhece e que, portanto,
poder-se-ia avançar no sentido da remuneração dos municipários. Não há qualquer
coerência, por parte do Executivo, nessas iniciativas e vejo que o sentimento
das Bancadas de oposição é quase unânime no sentido de rejeitar esse Veto e
rejeitar, também, hoje à tarde, o Projeto de Lei. Alertávamos, no ano passado,
para uma armadilha que chegou a esta Casa dando reajuste mensal, porém,
submetendo a 98% do gasto. Já se alertava naquele momento para o fato e agora,
novamente, cabe o alerta: não vamos aceitar o reajuste mensal em troca de um
índice que não sabemos qual é. Uma outra coisa, princípio de eqüidade: a Carris
e o DMAE recebem mensalmente, sendo que a Carris, inclusive, recebe antecipação
de 40% na quinzena! Temos que pensar nisso, também, para os municipários!
Concluindo, Sr. Presidente, estou confiante de que a Casa se encaminha no
sentido lógico do bom senso e haveremos de derrubar logo mais esses dois Vetos.
Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A palavra, com o
Ver. José Alvarenga.
O
SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, talvez hoje nós estejamos discutindo uma das reivindicações
mais importantes da categoria municipária aqui em Porto Alegre e nós sabemos
disso porque eu como funcionário público durante um bom período fiquei como os
meus companheiros de categoria sem uma política salarial determinada, nós
tínhamos aumento do Governo Federal quando o mesmo julgava conveniente, quando
achasse que tinha condições de fazê-lo. Isso numa época em que a inflação se situava
em torno dos 200%. Imaginem a situação dos companheiros municipários agora,
atingindo índices hiper-inflacionários deva ser bem mais desesperadora! E é
justamente por isso que a CUT está lançando uma campanha a nível nacional e eu
tenho certeza que o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre vai se unir à
CUT porque é uma campanha por aumento real de salários, por reajustes e
pagamento semanal desses salários beteenizados e que a inflação de mês seja
paga no mesmo mês bem como que o depósito dos salários seja feito em conta
remunerada. Esta é a campanha que a CUT, a nível nacional está lançando e eu
tenho certeza que todas as categorias agora no dissídio vão lutar exatamente
por isso e o Sindicato do Municipários não vai fugir a este compromisso. Os salários
dos municipários de Porto Alegre, ontem eu exibi aqui da tribuna um
contracheque de uma companheira padrão 6, era de Cz$ 2.350,65. Portanto, com o
aumento de 117% os salários vão se situar em torno de Cz$ 5.000,00. Não estamos
falando de altíssimos salários, estamos tratando de salários bastante
arrochados e que de forma alguma caberia a uma Administração Municipal,
principalmente a Administração do meu Partido, pensar em não pagar tudo que
deve a esta categoria. Temos certeza que este Veto vai ser derrotado com o voto
do PDT, com os votos do PDS, vai ser derrotado com os votos do PMDB, mas nós
queremos alertar aos municipários que o mesmo PDT que vai votar a favor do
reajuste mensal, que vai votar a favor dos 117% e que provavelmente também vai
votar a favor da antecipação quinzenal, quando estava no Governo Municipal foi
o campeão do arrocho salarial. Lembro-me que quando era dirigente da CUT
regional e apoiava a greve dos municipários, os companheiros faziam vaquinha
para que os funcionários pudessem ir para casa, porque eles não tinham dinheiro
para pagar o valor da passagem. Eles faziam na frente da Prefeitura um almoço,
porque o dinheiro que deixavam em casa não era suficiente para alimentar suas
famílias. Esta é a situação que os funcionários viviam na Administração do PDT.
Hoje, o PDT vai votar a favor e é bom que votem porque é a favor da luta dos
trabalhadores. O PMDB também vai votar a favor do reajuste mensal aqui, mas o
Governador Simon paga o reajuste bimestral para os servidores do Estado. Então,
uma incoerência do PMDB que aqui vota a favor e em nível do Estado vota contra.
O PDS também não é diferente, muitas vezes fomos a Brasília negociar com Jarbas
Passarinho e ele insistia nos pagar abaixo da inflação e levantamos várias
greves para arrancar do hoje Senador Jarbas Passarinho o pagamento da inflação
que nos era devido. Hoje o PDS vai votar a favor do reajuste mensal dos
salários. Vai votar a favor dos 117 e a favor da antecipação quinzenal. Alerto
os municipários, porque existem muitos lobos vestindo pele de cordeiro hoje e
que amanhã ou depois, quando forem novamente do executivo, vão retornar as suas
velhas táticas: vão abandonar a demagogia eleitoral que executam para adotar as
velhas táticas de arrocho de rapina sobre o salário do servidor que tão bem
sabe executar. Durante todo esse tempo o PT esteve na luta dos trabalhadores
contra o arrocho salarial e na minha opinião o PT tem que continuar ao lado
deles, contra o arrocho. Os militantes do PT vão estar na frente destas
jornadas que a CUT convoca e pelas reivindicações que eu no início do discurso
mencionei. É exatamente este comportamento que vai fazer do PT um partido ainda
mais forte do que já é e vai reafirmá-lo como o maior partido operário deste
País, o maior partido dos trabalhadores brasileiros. E eu, como Vereador do PT,
comprometido com o programa que elegeu o Prefeito Olívio Dutra e nossa Bancada,
peço aos companheiros da Bancada do PT que votem contra o Veto do PT e
reafirmem as reivindicações que o Sindicato dos Municipários levanta e que
reafirmem o programa histórico e a trajetória histórica do nosso partido.
Antes, muito antes de encaminhar este Veto à Câmara Municipal, o Partido dos
Trabalhadores e a Administração Popular deveriam ter examinado - e acho que
ainda se trata disto - outras saídas para resolver o impasse financeiro que a
Prefeitura enfrenta. O Ver. Nelson Castan falou que os bancos estatais são
bastantes amistosos e buscam proteger as administrações. Neste mês de janeiro,
para que todos tomem conhecimento, a Prefeitura vai ter que pagar 155 milhões
ao Banrisul. Acontece que a Prefeitura prevê que vai pagar, com a Folha, 174
milhões. Portanto, o Banco do Estado, administrado pelo PMDB, está executando
um saque à cidade de Porto Alegre, contra a Prefeitura Municipal de Porto
Alegre e nós achamos que esta tem que chamar os municipários, tem que chamar a
população e denunciar isto. Ela pediu 100 milhões emprestados no início de
janeiro e vai ter que pagar 155. É um absurdo! Nós achamos que a população de
Porto Alegre e os municipários têm que ser convocados pelos partidos desta
Casa, e temos certeza que o PMDB vai estar junto conosco nesta empreitada, para
enfrentar o saque que o Governo Pedro Simon, através do Banrisul, executa
contra a Administração Popular. Mais que isto: ao Meridional também. É esta
mesma política que o Banco Meridional executa contra a Prefeitura e contra o
povo de Porto Alegre. Nós temos que mobilizar esta Cidade contra estas taxas
esdrúxulas, que vão fazer a população de Porto Alegre passar por dificuldades
imensas, e a Administração Popular por maiores ainda, vamos chamar a população
e mobilizar, fazer um ato público na frente do Piratini e exigir que não se
cobre um tostão de juros da Administração Popular, tendo em vista as finanças
do Município e as necessidades da população. Quero ver se o PMDB, que se
prepara para concorrer ao Governo do Estado, vai afirmar, assim como o Governo
Federal, vai cobrar 155% de taxas de juros em um mês e acabar com as condições
de vida da população da Cidade. Essa é a saída do PT. Muito antes de rebaixar
salário, ou propor veto ao aumento mensal, tem que enfrentar o PMDB, o PDS, o
Governo Federal, porque aí é que está a verdadeira causa da crise financeira
que a Prefeitura enfrenta. Gostaria de dizer que ontem mencionamos aqui, que
seria necessário fazer uma nova reforma tributária imediatamente, como é de
costume, todos os Vereadores disseram que eu pretendia aumentar ainda mais a
carga fiscal imposta aos pobres da Cidade; estamos falando de uma reforma tributária
que toque nas grandes empresas desta Cidade, que toque nos grandes
conglomerados comerciais, industriais e bancários desta Cidade, não na
população pobre. O companheiro Lula dizia na campanha eleitoral: para sair da
crise, os ricos vão ter que perder, os milionários vão ter que ganhar menos;
essa é a única saída para a Administração Popular, para a Cidade, e chamamos os
nossos companheiros do PT, assim como os da Frente Popular, a estudar as
propostas do Partido, porque sem avançarmos para uma saída política para o
problema financeiro, não vai ser possível solucionar, e vamos cada vez mais
ficarmos colocados contra a parede pelo sistema financeiro, que é controlado
pelo Governo Federal e Estadual. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Transposição
de tempo do Ver. João Motta com o Ver. José Valdir.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, ontem, nesta tribuna, iniciei colocando uma questão que vou
retomar, e que é a seguinte: em nenhum momento, se discute aqui a justeza, a
legitimidade da reivindicação dos companheiros municipários. Não é isso que
está em disputa aqui. A justeza, a iniciativa política da luta do Sindicato,
questões como foram colocadas aqui de que na verdade não estão nem
reivindicando aumento, estão reivindicando reajuste para fazer frente a uma
situação de desgaste dos salários. Tudo isso me parece que há um consenso
enorme nesta Casa. Não há o que discutir a respeito deste ponto de vista. O que
nós estamos discutindo, eu queria frisar isso, é uma determinada situação do
Município de Porto Alegre, que não é só de Porto Alegre, que afeta os
municipários e que afeta a população de Porto Alegre, os trabalhadores desta
Cidade de uma maneira geral. Esta é a questão que estamos discutindo. Como nós
vamos enfrentar esta situação? Uma questão, um problema que tem raízes
históricas, porque nenhum problema começa do nada. Esta é a questão que está em
disputa neste momento. Esta é a questão que está em jogo e é preciso que sobre
ela nós discutamos com toda a sinceridade e toda a calma. Quando se diz aqui
que não existe marajá na Prefeitura, não existe marajá na Prefeitura, os
salários são baixos e eu diria que talvez não são tão baixos, Ver. Ferronato,
quanto o que é pago aos professores do Estado, são mais baixos ainda e que
também lá tem a bimestralidade e que também estão reivindicando a mensalidade.
E também o Estado, que apesar de estar em situação muito melhor do que o
Município também tem dificuldades.
Então, é uma
situação geral, hoje, que se coloca. O que não dá para aceitar é esse
raciocínio que fez aqui o Ver. Vieira da Cunha. Uma coisa é nós dizermos e não
queremos fazer como a Nova República de jogarmos e usarmos a mídia, usarmos a
Rede Globo para jogarmos os trabalhadores contra trabalhadores, contra o
funcionalismo. Nós não fizemos isso em nenhum momento. Outra coisa é negar que
é possível, é negar que existe sim uma dificuldade de fazer duas coisas a não
ser que a gente seja milagreiro. É fazer os investimentos que os trabalhadores
das vilas populares - tão carentes quanto os funcionários - necessitam, e que
muitas vezes os Vereadores de oposição venham a essa tribuna legitimamente
cobrar, fazer esses investimentos. Sito alguns exemplos, a iluminação que há
três, quatro anos, por exemplo, a minha Vila não via um bico de luz, a grande
parte das vilas da Zona Norte está comendo pó. Quer dizer, então são
investimentos que têm que ser feitos nesta Cidade que são demandas históricas e
ao mesmo tempo conseguir pagar adequadamente o funcionalismo. Agora como fazer
isto, se vai consumir 100% da folha de pagamento com o funcionalismo? E não que
estejam ganhando bem. Não estão ganhando bem. Então a situação geral que nós
temos que pensar sobre ela, no entanto, que é uma situação geral que não é por
outro motivo, e não só esta Casa, como diversos Legislativos por este Brasil
afora tiveram que se debruçar sobre a mesma questão da Reforma Tributária,
talvez com uma diferença aqui outra diferença ali, mas tiveram que fazer isto,
então quando a oposição coloca que parece que foi uma benesse e que foi apenas
para Porto Alegre que existiu esse chamado pacotão de novos impostos, não é
verdade. Pode até ter algumas taxas que até aqui teve e em outros lugares não
tiveram, mas esta situação foi uma situação geral pela necessidade de corrigir
um problema histórico que era o problema da centralização financeira que
durante tanto tempo grassou nesse País, e que agora nós estamos corrigindo,
graças ao processo da nova Constituição. Então, não foi só aqui e a segunda coisa
que não dá para deixar passar nesta Casa, é de querer vir aqui vender a idéia
de que a um passo de mágica, se nós aprovamos os imposto ontem, e hoje já temos
os recursos, estamos nadando em dinheiro. Então, esse tipo de raciocínio não é
um raciocínio sério eu quero salientar isto, muito menos sério é confundir taxa
de serviço que é para pagar serviço, e olha em todo o Brasil o grande problema
dessas taxas não é nem sobrar recursos, é que elas consigam pagar o custo do
serviço. Então quero colocar essa situação porque me parece que alguns
Vereadores vêm a esta tribuna e de uma forma inconseqüente falseiam a verdade.
O
Sr. Leão de Medeiros: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, perguntaria se
V. Exª está lembrado que a própria Administração Popular encaminhou um Projeto
em que no seu bojo continha o reajuste mensal a partir de outubro de 1989. Será
que estou equivocado também?
O
SR. JOSÉ VALDIR: E mais,
condicionava 98% da receita, para poder fazer alguma coisa ou os moradores das
vilas, os moradores da Santa Rosa não precisam do calçamento que estão há 30
anos reivindicando, desde o Governo de V. Exª, quando estava no poder, eles não
precisam, eles também não são trabalhadores? Então quando o meu colega
Alvarenga coloca que temos que estar ao lado dos trabalhadores, com todo o
respeito digo que temos que estar ao lado dos trabalhadores municipais, das
fábricas e das vilas, porque assim como o trabalhador precisa de um salário
digno ele também precisa dignas condições de moradia. Então não vale aqui o
raciocínio de querer fazer determinadas alusões, por exemplo, evidentemente que
o movimento sindical, hoje, está reivindicando do empresariado aumentos de 15
em 15 dias e até semanal, só que vejam a diferença: uma multinacional e uma
Prefeitura que vive de impostos, que está recém tentando sair dessa
centralização violenta que esta ditadura fez, então acho que é bem diferente.
Os Vereadores desta Casa têm que raciocinar com seriedade, com muita seriedade,
porque a saída que apontam é endividar a Prefeitura, endividar a Prefeitura
pegando dinheiro nos bancos, olha não sou nenhum economista, nenhum técnico,
mas me aventuro a dizer que isso é uma bola de neve e que por aí nunca vamos
sanear financeiramente essa Prefeitura para os funcionários condignamente,
inclusive com aumento real de salário e para poder fazer as obras que as vilas
e os trabalhadores das vilas estão esperando há muito tempo.
O
Sr. Ervino Besson: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Com todo o respeito que tenho por V. Exª,
quero dizer que não podemos esconder a realidade. Outros prefeitos não tiveram
duas fontes de renda que este Prefeito está tendo agora, que é o IVVC e o ITBI,
além de uma percentagem maior de ICMS. E se o Prefeito não tivesse essas duas
fontes de renda, como seria?
O
SR. JOSÉ VALDIR: Ver. Ervino
Besson, respondo de uma forma bem simples: parece-me que esses impostos a que
V. Exª se refere, no cômputo geral, é muito pequeno. Mas, também, posso lhe
dizer que isso é uma avenida de duas mãos, pois ao mesmo tempo que os
Municípios ganharam esses impostos, também tiveram as suas atribuições,
portanto, as suas despesas, aumentadas. Esse é um estudo que precisa ser feito
para ver até que ponto as finanças dos Municípios ficaram fortalecidas com
esses novos impostos, ou não! Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra o
Ver. Elói Guimarães.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, em diversas oportunidades disse desta tribuna, que o PT, o
Partido dos Trabalhadores perdeu o trem da história, e vou reiterar. Faço
justiça ao PT histórico, ao Partido dos Trabalhadores da oposição que, por uma
década, seguramente, empunhou de forma vigorosa a bandeira salarial deste País.
Disse e reitero que o PT nasceu da luta reivindicatória do salário dos
trabalhadores deste País, justiça que fiz e continuo a fazer. E se há uma
bandeira que o PT jamais poderia abrir mão é, exatamente, a bandeira dos
salários! Era sua característica na recente história brasileira, era uma das
lutas, era uma espécie de marco, de legenda. Outros partidos, o meu por
exemplo, o PDT, tem uma marca na história brasileira, que é a luta em busca da
educação. Toda a administração trabalhista, se formos procurar na sua história,
vamos encontrar uma marca notadamente inegociável, que é a luta pela educação.
A grande Liderança do PDT entende que uma das formas da sociedade sair do
atraso e avançar no terreno social é através da educação. É a marca do PDT,
como a marca do PT foi, no decurso da história, a luta por salários. Isto é
apenas uma memória que desnecessário seria fazer neste instante quando nós
vemos a Bancada do PT na Casa barganhando um Projeto desta natureza, do que vai
ser discutido e examinado hoje à tarde, que estabelece que deve ser mantida a
atualidade salarial. Aqui, na Justificativa, fala-se nas razões do Veto,
fala-se em aumento. Risque-se das razões do Veto a palavra aumento, é preciso
que se diferencie correção inflacionária de aumento. Ao que visa este Projeto é
singelamente preservar o poder de compra que tinha o servidor no dia 1º, e
mantê-lo no dia 30/31 do mês.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós não podemos perder a noção da palavra
trabalho. O que é o trabalho? O trabalhador vende o seu trabalho, é uma
mercadoria e não é justo que esta mercadoria tenha duas moedas, a moeda que ele
compra e a moeda que vem do seu salário, tudo que ele possui. Porque a regra,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é o trabalhador, o funcionário possuir de si
só a sua força, o seu trabalho, o seu esforço. É isto que ele mensalmente
vende, coloca à disposição do Município. E na hora de receber querem lhe pagar
através de uma moeda vil que não recompõe a perda salarial. Mas na hora que ele
vai na fila para pagar o tributo à Prefeitura, ou na hora que ele vai na fila
do açougue, do pão, ele compra este produto devidamente corrigido, devidamente
atualizado segundo a inflação. Então, é diante deste quadro que temos que nos
colocar. A Administração Popular alega que não se discute a justiça da medida. Muito
bem! Mas diz, por outro lado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que não há
caixa. Isto disse também, no curso da história, o patrão. O patrão nunca diz
que não paga por não ver justiça na reivindicação do trabalhador. Nunca! Ele
diz que só não tem recurso, que o preço da mercadoria ele não conseguiu
repassar e por aí vai. Este discurso é o mesmo que fez o Ver. José Valdir aqui
na tribuna. Este discurso faz a FIESP; “Não, não podemos atender porque não
temos caixa, não temos o necessário repasse para pagar o trabalhador”. E aí
explode a greve que é um dos instrumentos de defesa do salário do trabalhador.
Não tem recursos a Prefeitura. Não tem recursos de caixa, vamos partir desta
premissa, mas está autorizado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Prefeitura,
a Administração, o Comando da Administração, de buscar dinheiro e pagar o
salário, que é sagrado, dos funcionários. Está autorizada a Administração, que
corresponde ao Prefeito, buscar dinheiro no banco, pagar o que tiver a pagar,
sim. Se a remuneração é 20, 40, 50, 100, pague a Prefeitura, pague o Sr.
Prefeito aos bancos. Remunere os assalariados, os funcionários, na forma da
Lei, que nada mais é do que corrigir a inflação. Não podemos jogar no
sacrifício dos funcionários esta defasagem. O Município tem que ir a Banco e
pagar o que for necessário, porque assim procedendo, o administrador não estará
administrando irresponsavelmente a Prefeitura, não, ele estará buscando
dinheiro ao preço que não interessa para pagar seus funcionários na forma da
Lei. Se for a banco pagar 100, 200, Ver. José Valdir, está procedendo como um
exemplar chefe de família, porque está buscando dinheiro para pagar aos
servidores naquilo que é essencial à sobrevivência, que são os salários. Então,
me parece que a manutenção do reajuste da inflação mensal é indiscutível nesta
Casa, porque é a coisa mais sagrada que tem o trabalhador, que é o seu salário.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Pergunto a V. Exª em nome de um
esclarecimento em relação a história: V. Exª ao fazer na primeira parte do seu
discurso a crítica ao PT e seu programa, também estava fazendo auto-crítica do
programa do PDT em relação ao arrocho salarial?
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Não. Eu coloco,
por exemplo, um dos fortes matizes do PT e que ninguém pode tirar, que é a luta
permanente dos salários no Brasil, como do PDT a bandeira da educação, que são
marcas gigantescas da luta destes partidos, só que aqui esse discurso tem que
ser reavivado. Não esqueçam desta tese. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada a
discussão. Não há “quorum” para a votação. Encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 12h40min.)
* * * * *